quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Do Final ou quem sabe apenas o Início

Ela caminhava a passos largos. Brusca, cabeça erguida, saindo do banheiro, indo ao encontro novamente da música [que parecia gritos, tamanha a inquietação anterior].

- Saindo da porta desse banheiro, não entra mais na minha vida.

 Maçaneta na mão. Parou. Baixou a cabeça: não vou conseguir encarar essa pressão toda. [Refletiu naquele ínfimo instante, como sempre, sobre seus instintos caninos tão presentes, mas também no seu íntimo felino, que, encarecido, pedia (veja só a contradição) para ser explorado].
Apertou os olhos, girou vagarosamente a maçaneta, fazendo um giro de 180º. Voltou.
Mirou no espelho a imagem daquela criatura, tantos outros reflexos, esse ficou marcado: viu o que nunca tinha visto [ou melhor, o que costumava postergar para um outro dia de observação... aquele profundo, dentro da essência/aparência mista e contraditória daquela, que acima de tudo era una e inequívoca).
Olhou firmemente. Podia enxergar até mesmo os pensamentos daqueles, que eram tão seus olhos quantos os seus...
Desviou seu corpo, foi até a privada: havia esquecido a descarga.
Giro de 360º, porém esperava não mais voltar.


Retornou para a pista como se nada tivesse acontecido [se é que aquilo pode ser considerado um acontecimento].
Tudo se manteve; foi um sonho. Só que estava acordada. Cansada, almejava dormir.


.?.

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